COP27 traz novas promessas de financiamento para perdas e danos, mas fundo internacional segue travado

COP27 perdas e danos
Sean Gallup/Getty

Aos poucos o que antes era tido como “tabu” das negociações climáticas começa a ganhar relevância e destaque nas declarações oficiais e nas promessas dos países. O Guardian sintetizou uma série de compromissos novos anunciados nos primeiros dias da COP27 no Egito para financiar a compensação por perdas e danos decorrentes de eventos climáticos extremos nos países em desenvolvimento.

Alemanha, Áustria, Bélgica, Escócia e Nova Zelândia anunciaram a destinação de algumas dezenas de milhões de dólares para perdas e danos.

Já o Reino Unido sugeriu a inclusão de uma cláusula em seus contratos de financiamento público externo para suspender temporariamente o pagamento da dívida pelos devedores afetados por desastres climáticos, de forma a liberar recursos mais rapidamente para reconstrução.

No entanto, estas promessas ainda são gotas em meio a um oceano de necessidades. Como abordado aqui ontem, um estudo feito por pesquisadores liderados pelo economista Nicholas Stern estimou que os países em desenvolvimento precisarão de cerca de US$ 2 trilhões anuais até 2030 para reduzir suas emissões de carbono e lidar com os efeitos da mudança do clima. 

Mesmo se incluirmos nessa conta a promessa dos US$ 100 bilhões anuais para financiamento climático como um todo, a soma não faz cócegas ao valor total requerido.

Por essa razão, um dos focos da ofensiva financeira dos países em desenvolvimento na COP27 está nos bancos multilaterais de desenvolvimento. 

Instituições como o Banco Mundial e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) possuem um potencial financeiro enorme, além de contar com capilaridade e know-how; no entanto, eles ainda tropeçam quando o assunto é alinhar desenvolvimento econômico com ação climática. A Reuters destacou a ofensiva e a resposta dos bancos multilaterais na COP.

Em tempo: Por falar em impactos da crise climática nos países pobres, um levantamento feito pela Christian Aid mostrou que as nações do continente africano podem enfrentar uma queda de até 64% na taxa de crescimento do PIB até o final deste século em decorrência da intensificação de eventos climáticos extremos e de outros efeitos da mudança do clima. As descobertas ressaltam a necessidade urgente de progresso rápido no financiamento climático para adaptação e perdas e danos nesses países. Bloomberg e Guardian deram mais informações.

 

ClimaInfo, 10 de novembro de 2022.

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