Ativistas denunciam greenwashing no Fórum Econômico Mundial

Davos 2023 protestos
REUTERS/Arnd Wiegmann

Na última década, a questão climática ganhou proeminência na agenda de discussões do Fórum Econômico Mundial de Davos, na Suíça. Impulsionada pelos compromissos do Acordo de Paris, líderes políticos e empresários transformaram o evento em um “cartão de visitas” de seus planos verdes, seja para atrair novos investidores ou para simplesmente “lustrar” sua imagem internacional.

Porém, muitos ativistas climáticos temem que a questão esteja se “normalizando” dentro da agenda de Davos, relativizando a urgência do problema e dando margem ainda maior para o velho greenwashing. Ao mesmo tempo, a presença maciça de executivos de petroleiras, inclusive em discussões sobre clima, deixa muita gente com os dois pés atrás.

“Os CEOs do petróleo e do gás são convidados para o Fórum para fazerem greenwashing de seus negócios. Não é difícil ser cínico sobre as perspectivas de justiça climática depois de passar uma semana por lá [Davos]”, lamentou a ativista nigeriana Vanessa Nakate, citada pelo Euractiv e Climate Home.

Para se contrapor à presença do Big Oil, ativistas climáticos também se dirigem a Davos para cobrar o fim da produção de combustíveis fósseis, em linha com o que a ciência aponta como necessário para se  evitar um aquecimento global ainda mais forte. Ao mesmo tempo, eles pretendem  pressionar líderes políticos e empresariais por mais recursos para o financiamento de perdas e danos, tópico que deve atrair os holofotes nas negociações internacionais sobre clima neste ano. A Reuters deu mais detalhes dessa movimentação.

Ainda sobre Davos, o Fórum Econômico Mundial divulgou na semana passada sua análise anual sobre os riscos à economia global, que colocou um eventual fracasso dos esforços contra a mudança climática como o risco mais grave da próxima década. O relatório também coloca os impactos do clima extremo entre os quatro riscos mais significativos de curto prazo, para os próximos dois anos, junto com o aumento do custo de vida e confrontos geopolíticos e sociais.

Em tempo: No Valor, Daniela Chiaretti destacou cinco passos assinalados pelo secretário-geral da ONU, António Guterres, para acelerar a transição energética global na próxima década. Primeiro, a remoção das barreiras à propriedade intelectual para que as tecnologias mais importantes possam ser consideradas bens públicos globais; segundo, a diversificação e o acesso mais fácil às cadeias de fornecimento de matérias-primas e componentes para as tecnologias renováveis; terceiro, redução da burocracia para aprovação de projetos de energia renovável; quarto, a transferência dos subsídios de energia fóssil para as fontes energéticas limpas; e, finalmente, a triplicação dos investimentos públicos e privados em energia renovável, de forma a atingir pelo menos US$ 4 trilhões anuais.

 

ClimaInfo, 17 de janeiro de 2023.

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