PF tem quase 70 inquéritos de garimpo ilegal na Terra Yanomami

Segundo informou Andreia Sadi no g1, a Polícia Federal possui 67 inquéritos em andamento para apurar o garimpo ilegal dentro da Terra Yanomami. Esse dado mostra que a PF – e, por tabela, o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro – tinha conhecimento sobre a gravidade do problema do garimpo e os riscos que ele representava às comunidades indígenas.

No entanto, de acordo com fontes dentro da PF, a instituição até planejou operações na Terra Yanomami nos últimos anos, mas não contou com o apoio logístico de outros setores do próprio governo federal, impedindo-as de sair do papel. Por exemplo, o Exército não teria cedido o uso do aeródromo de Surucucu, que fica dentro do território indígena, para a PF.

Já o ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, afirmou à CNN Brasil que até mesmo a antiga pasta da Mulher, Família e Direitos Humanos, encabeçada pela senadora Damares Alves por boa parte do governo Bolsonaro, teria se envolvido na defesa dos interesses dos garimpeiros, em detrimento dos Povos Indígenas. Damares teria atuado em favor de um projeto que propunha a legalização do garimpo em Terras Indígenas.

Segundo Almeida, o governo Bolsonaro também ignorou recomendações de organismos nacionais e internacionais no que diz respeito à proteção do Povo Yanomami. “Houve a recomendação de que se rejeitasse um projeto de lei que determinava o envio de ajuda emergencial aos Yanomami e aos Ye’kuana – estou falando de remédio, comida, leito de UTI – dizendo que não precisava mandar porque já estava sendo feito, e não estava”. O Poder360 também repercutiu essas informações.

Em tempo: A Hutukara Associação Yanomami repudiou as falas absurdas do governador de Roraima, Antônio Denarium, que relativizou a gravidade da crise humanitária na Terra Yanomami e isentou os garimpeiros de qualquer responsabilidade. O político também insultou o estilo de vida dos indígenas e defendeu que eles “não podem mais ficar no meio da mata, parecendo bicho”. “Nossos modos de vida nos são negados como se fôssemos primitivos, incapazes, inumanos. Longe de se limitar ao discurso político, esse pensamento se refletiu em políticas de tendência genocida que foram implementadas sistematicamente nos últimos anos para inviabilizar a vida dos Yanomami”, disse a associação em nota. Folha e Poder360 destacaram o documento.

ClimaInfo, 1º de fevereiro de 2023.

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