Sob pressão, indicado para presidir COP28 promete negociações “inclusivas”

COP28 presidência inclusão
KARIM SAHIB/AFP

Em mais um esforço para diminuir a pressão de ativistas climáticos contrários à sua indicação para a presidência da COP28, o executivo petroleiro Sultan Ahmed al-Jaber defendeu um roteiro “inclusivo” para as negociações climáticas da ONU na próxima Conferência, que acontecerá nos Emirados Árabes Unidos em novembro.

“Como presidente da COP28, definirei um roteiro que seja inclusivo, pautado para resultados e muito distante dos negócios convencionais”, disse al-Jaber durante coletiva de imprensa na última 3ª feira (14/2) em Dubai, futura sede da COP. Al-Jaber também pediu que os governos “deixem de lado suas diferenças” e que trabalhem em “colaboração com a sociedade civil, a juventude, a comunidade financeira, a indústria e as empresas tecnológicas”.

Em termos gerais, al-Jaber assinalou que a COP28 precisa trazer uma “correção de curso” para os esforços globais contra a crise climática. “Já sabemos que estamos fora do caminho [para limitar o aquecimento global em 1,5oC]”, afirmou o futuro presidente da Conferência.

Por outro lado, ele segue repetindo sua defesa da inclusão da indústria dos combustíveis fósseis – da qual é representante, vale ressaltar – nas conversas sobre transição para fontes renováveis de energia. “É do nosso interesse comum ter a indústria de energia trabalhando de mãos dadas e ao lado de todos nas soluções de que o mundo precisa. Isso é lógico e faz sentido”, disse al-Jaber.

Enquanto brinca com os limites da inclusividade, al-Jaber segue na mira de organizações ambientalistas e da sociedade civil global. Em nota divulgada nesta semana, a Anistia Internacional (AI) condenou a decisão do governo dos Emirados Árabes de indicar um executivo da indústria petroleira para chefiar as negociações da COP28.

“Sultan al-Jaber, presidente-executivo da ADNOC, uma das maiores produtoras de petróleo e gás do mundo, planeja aumentar a produção de combustíveis fósseis do grupo. Isso é totalmente incompatível com seu papel de presidente designado da COP28”, assinalou Mata Schaaf, diretora da AI. “[Ele] não pode ser um mediador honesto para as negociações climáticas quando a empresa que ele lidera planeja causar mais danos climáticos”.A fala do futuro presidente da COP28 foi destacada pela Associated Press, Climate Home, Guardian e Reuters, entre outros veículos.

ClimaInfo, 16 de fevereiro de 2023.

Clique aqui para receber em seu e-mail a Newsletter diária completa do ClimaInfo.