Pressionado por ambientalistas e lideranças políticas nos Estados Unidos e União Europeia, o presidente designado pelos Emirados Árabes Unidos da COP28, Sultan Al-Jaber, recebeu nesta 5ª feira (25/5) o apoio público do governo do Reino Unido.
A demonstração foi feita pelo ministro britânico para o net-zero, Graham Stuart, que classificou o futuro presidente da Conferência como “uma pessoa excepcional”. “Estamos ansiosos para trabalhar com os Emirados Árabes Unidos para garantir que a COP28 seja um sucesso e faça com que mais países se comprometam com as reduções de emissões de carbono necessárias”, disse Stuart durante coletiva de imprensa. A BBC repercutiu o comentário.
O apoio acontece poucos dias depois de Al-Jaber ser publicamente questionado por um grupo de parlamentares norte-americanos e europeus, que pediram à ONU e ao comando da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC) o veto à escolha dele para a chefia da próxima COP. O argumento central contrário a Al-Jaber está no fato de ele ainda servir como CEO de uma empresa petroleira dos Emirados Árabes, o que impõe um óbvio conflito de interesses no coração das negociações climáticas.
De toda forma, a mudança é vista como improvável, apesar da pressão. Segundo o site Al-Monitor, além do apoio dos anfitriões da COP28, Al-Jaber também tem reunido declarações de suporte de outros governos e lideranças políticas importantes na agenda climática, como o enviado especial dos Estados Unidos para o clima, John Kerry, e o comissário da União Europeia para o Green Deal, Frans Timmermans.
“As brigas em torno de Al-Jaber fazem parte de uma batalha mais ampla sobre o papel da indústria do petróleo na transição energética”, assinalou Ben Geman no Axios. “Ativistas temem que a COP28 seja vulnerável a influências da indústria que podem enfraquecer o resultado da cúpula”.
O desconforto dos ativistas climáticos com o comando da COP28 deve seguir alto. Isso porque, como a Sky News apurou, os organizadores da Conferência estão transformando o que deveria ser uma ocasião para discutir um futuro com clima seguro em uma “oportunidade de negócios”.
O governo dos Emirados Árabes está contatando empresas e oferecendo pacotes multimilionários de patrocínio, prometendo que elas “se beneficiarão do acesso e oportunidades de networking incomparáveis com governos e líderes empresariais globais”. O pacote mais caro custaria mais de R$ 40 milhões.
ClimaInfo, 26 de maio de 2023.
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