Tragédia climática no litoral norte de SP causou estragos de R$ 600 milhões

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Amanda Perobelli

Seis meses depois, moradores de São Sebastião (SP) convivem com as ruínas que sobraram dos deslizamentos e a incerteza sobre a reconstrução de suas casas.

No último sábado (19/8), a tragédia causada pela chuva mais volumosa já registrada no Brasil em São Sebastião, no litoral norte de São Paulo, completou seis meses. A tormenta resultou em deslizamentos de terra que provocaram a morte de 65 pessoas e na perda de centenas de casas, deixando milhares de pessoas desabrigadas.

As marcas do desastre ainda são visíveis, especialmente na Vila Sahy, principal área afetada pelos deslizamentos. Diversos imóveis condenados seguem aguardando a demolição. Outros, mesmo com os alertas do poder público, continuam ocupados por famílias que não aceitam sair do pedaço de chão duramente conquistado.

A Folha destacou a lentidão do governo do estado na reconstrução da Vila Sahy e na realocação das famílias desabrigadas. A sensação de abandono fica ainda mais evidente quando comparada com a forma como proprietários de imóveis de alto padrão afetados pelas chuvas estão sendo tratados pelo poder público: enquanto os moradores da Vila Sahy ainda aguardando qualquer esclarecimento das autoridades paulistas, obras já estão acontecendo em uma área nobre vizinha, entre a Barra do Sahy e a Praia da Baleia.

Em entrevista ao g1, o prefeito de São Sebastião, Felipe Augusto (PSDB) afirmou que a reconstrução da infraestrutura atingida pelas chuvas deve se beneficiar com a liberação de mais de R$ 1 bilhão relativos a royalties da exploração de petróleo na Bacia de Santos. Na semana passada, a Justiça Federal deu ganho de causa ao município, que disputava o valor com a vizinha Ilhabela.

O valor cobre o prejuízo estimado de R$ 600 milhões que São Sebastião sofreu com as chuvas de março. Mas a chegada desses recursos pode acontecer muito tarde para que sejam utilizados em obras emergenciais para a próxima temporada de chuvas.

 

ClimaInfo, 21 de agosto de 2023.

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