Ministério dos Transportes prevê cercas e passagens para animais na BR-319

3 de abril de 2024

Proposta esboçada pela pasta tenta equilibrar a demanda de pavimentação da rodovia com preocupações sobre os impactos ambientais da obra no coração da Floresta Amazônica.

O Ministério dos Transportes está finalizando uma nova proposta para a pavimentação da rodovia BR-319, que liga Porto Velho (RO) a Manaus (AM) e corta uma das áreas mais críticas de desmatamento no sul do Amazonas. A obra é vista com preocupação por ambientalistas, que apontam para o risco de ela facilitar a grilagem e a derrubada da floresta.

De acordo com a Folha, a proposta da pasta é adotar um modelo de estrada-parque, com a pista em um plano elevado, isolada por cercas e com monitoramento eletrônico. Além disso, o projeto prevê a construção de 170 passagens de fauna, locais onde os animais poderiam atravessar a rodovia com toda segurança.

Esse modelo seria adotado no chamado “trecho do meio”, um percurso de 500 km entre os municípios de Humaitá e Manicoré, ambos no Amazonas. Hoje, a estrada não está asfaltada, o que dificulta a passagem de veículos durante os períodos de chuvas na região.

A obra era uma prioridade política da gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro, mas o governo não conseguiu tirá-la do papel. Já sob o governo Lula, ela foi parcialmente incorporada ao Novo Programa de Aceleração do Crescimento (Novo PAC), com a previsão de estudos técnicos e de viabilidade, mas sem incluir a obra propriamente dita.

O Ministério dos Transportes ainda não tem uma modelagem para o funcionamento da rodovia nem uma previsão dos custos atrelados ao novo projeto. Análises iniciais do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) indicam que a cifra pode chegar a R$ 2 bilhões.

Uma análise recente de pesquisadores do Brasil e dos EUA mostrou que só a perspectiva de pavimentação, sem obras efetivas, já resultou em uma alta do desmatamento nos arredores da BR-319. Além da intensificação da derrubada de floresta, a obra também pode facilitar a ocorrência de doenças infecciosas, provocadas por micro-organismos presentes em animais da região.

Em tempo 1: Um grupo de organizações indígenas se manifestou contra estradas que cortam territórios tradicionais na fronteira entre Brasil e Peru, na região do Acre. De acordo com representantes indígenas, as obras são ilegais e favorecem a exploração irregular de madeira e outros recursos de suas terras. As estradas também podem facilitar o tráfico de drogas e armas em uma das áreas de fronteiras mais vulneráveis do país. A notícia é do g1.

Em tempo 2: Depois da decisão histórica da Comissão de Anistia, que reconheceu a violação de direitos fundamentais de Povos Indígenas pelo Estado brasileiro durante a ditadura, a luta das etnias Krenak e Guarani-Kaiowá é para que esse acontecimento sirva de impulso para que a FUNAI avance com os pedidos de demarcação de Terras Indígenas. “Nós queremos a nossa terra de volta, a terra do meu Povo”, defendeu Djanira Krenak, liderança que participou da sessão da Comissão na última 3ª feira (2/4), à Agência Pública.

 

ClimaInfo, 4 de abril de 2024.

Clique aqui para receber em seu e-mail a Newsletter diária completa do ClimaInfo.

Continue lendo

Assine Nossa Newsletter

Fique por dentro dos muitos assuntos relacionados às mudanças climáticas

Em foco

Aprenda mais sobre

Glossário

Este Glossário Climático foi elaborado para “traduzir” os principais jargões, siglas e termos científicos envolvendo a ciência climática e as questões correlacionadas com as mudanças do clima. O PDF está disponível para download aqui,
1 Aulas — 1h Total
Iniciar