
Sem avanços nas negociações em Baku, Simon Stiell, secretário executivo da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC), apelou aos líderes do G20 que enviem um sinal de apoio aos esforços globais de financiamento climático como ajuda para destravar um acordo na COP29. A reunião dos chefes de Estado e de governo do grupo das 20 maiores economias do mundo ocorre entre 2ª e 3ª feiras (18 e 19/11), no Rio de Janeiro.
O pedido vem num momento em que os negociadores da cúpula do clima lutam por um acordo para ampliar os recursos destinados a enfrentar o agravamento dos impactos do aquecimento global, informam Reuters, Folha e UOL. “A reunião [do G20] deve enviar sinais globais claros”, disse Stiell, em carta endereçada aos líderes do grupo.
No documento, Stiell pediu também que os líderes apoiem um aumento em subvenções e empréstimos, juntamente com o alívio da dívida. Somente assim os países vulneráveis não serão prejudicados “pelos custos de dívidas que tornam praticamente impossíveis ações mais ousadas”, ressaltou.
Em entrevista coletiva em Baku, a secretária de mudança do clima do Ministério do Meio Ambiente (MMA), Ana Toni, disse esperar da reunião do G20 “um sinal muito forte sobre o clima”, afirmando que isso é vital para as negociações na conferência. De fato, o financiamento climático já “contaminou” a cúpula de líderes, mas é um dos pontos sensíveis nas negociações do grupo (leia mais aqui).
Uma nova proposta de documento sobre o financiamento circulou na COP na 6ª feira à noite, mas com várias opções em aberto nas suas 25 páginas, informa o Estado de Minas. “Ainda não há um sinal claro sobre a direção porque o texto não está suficientemente sintetizado, ainda há muitas opções sobre a mesa”, avaliou um observador.
O enviado climático da Suécia, Mattias Frumerie, disse que as negociações financeiras ainda não resolveram as questões mais difíceis, como qual deveria ser o tamanho da meta ou quais países deveriam pagar a conta. “As divisões que vimos na reunião ainda existem, o que deixa muito trabalho a ser feito pelos ministros nesta semana”, disse.
Uma análise divulgada na 5ª feira (14/11) pelo Grupo Independente de Peritos de Alto Nível sobre Financiamento Climático mostrou que a urgência do suporte financeiro aos países mais pobres e vulneráveis à crise do clima é cada vez maior. Segundo o estudo, os países em desenvolvimento precisam começar a receber pelo menos US$ 1 trilhão por ano até 2030, cinco anos antes do prazo em discussão em Baku. Ainda de acordo com o grupo, o investimento necessário para todo o planeta fica entre US$ 6,3 e 6,7 trilhões anuais até 2030.
A COP29 entra em sua reta final nesta semana. O conferência termina oficialmente na 6ª feira (22/11), mas é quase certo que esse prazo não será cumprido.