COP30: Lula defende metas climáticas alinhadas com Acordo de Paris

Lula e o secretário-geral da ONU António Guterres discutiram a preparação do Brasil para a COP30 em Belém; Lula defendeu maior ambição climática dos países.
12 de março de 2025
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Ricardo Stuckert / PR

O presidente Lula conversou por telefone na última 2ª feira (10/3) com o secretário-geral da ONU, António Guterres, sobre a mobilização do Brasil para a COP30, programada para acontecer em Belém (PA) em novembro deste ano. No diálogo, o líder brasileiro reiterou a importância dos países apresentarem metas climáticas mais ambiciosas sob o Acordo de Paris, de forma a viabilizar o limite de 1,5oC para o aquecimento global neste século.

“Recebi telefonema do secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, para tratar da mobilização para a COP30, em Belém. Enfatizei a importância de que as novas metas de redução de emissões de gases de efeito estufa, a serem apresentadas pelos países ainda este ano, estejam alinhadas ao objetivo de manter o aumento da temperatura global em até 1,5oC”, escreveu Lula em uma rede social.

De acordo com o Palácio do Planalto, Lula e Guterres também definiram a realização de uma cúpula virtual em abril para avaliar o progresso dos países na apresentação de suas novas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDC) para o Acordo de Paris. O encontro acontecerá no âmbito da Parceria Brasil-ONU por Ambição Climática, lançada em setembro passado.

Pelo cronograma original, os novos planos deveriam ter sido divulgados pelos países até o começo de fevereiro, mas apenas 5% dos países integrantes do regime o fizeram. O secretário-geral da ONU afirmou que manteve contato com mais de 30 governos nacionais nos últimos dias e que a quase totalidade deles está trabalhando para apresentar suas novas metas em breve. CNN Brasil, Folha, Metrópoles, O Globo e Poder360, entre outros, repercutiram a notícia.

A conversa entre Lula e Guterres aconteceu no mesmo dia em que a presidência da COP30 divulgou uma carta pública na qual descreve a visão e os objetivos do Brasil para a Conferência de Belém. Em coletiva de imprensa, o embaixador André Corrêa do Lago, presidente-designado da COP, e a Secretária de Mudança Climática o Ministério de Meio Ambiente e Clima, Ana Toni, CEO da Conferência, reforçaram o apelo por uma mobilização global de todos os atores em prol da ação climática.

“O Brasil tem feito todos os esforços possíveis. Estamos num trabalho árduo de entusiasmar os outros países a colocarem NDCs alinhadas com o 1,5oC o mais rápido possível. Sabemos que o prazo já até passou. A gente tem feito um trabalho de ‘diplomacia das NDCs’, digamos assim”, destacou Ana Toni, citada pelo Estadão.

Um dos obstáculos para a COP30 será a volta do negacionismo climático de Donald Trump nos EUA. Questionado sobre o impacto da saída norte-americana do Acordo de Paris, Corrêa do Lago reiterou a declaração de lideranças estaduais e empresariais da maior economia do planeta em favor da ação climática, a despeito da oposição da Casa Branca.

“Eu estive nos EUA na semana passada e encontrei com vários representantes de setores da indústria americana. Eles estimam que, pelo menos, dois terços da economia, do PIB dos EUA, vão seguir as regras do Acordo de Paris. Quem não vai estar atuante no Acordo de Paris é o governo americano”, disse o presidente da COP durante evento com empresários. Folha e Valor deram mais detalhes

  • Em tempo 1: Em entrevista ao programa Roda Viva (TV Cultura), a ministra Marina Silva (Meio Ambiente e Mudança do Clima) defendeu que a COP30 seja um evento “sóbrio”, correspondente à gravidade da crise climática, e não uma ocasião festiva, em um recado não tão discreto a certos políticos em Brasília e em Belém que insistem nessa abordagem. “Advogo que esta COP tem que ser uma COP sóbria, não é uma COP promocional. Eu diria que tem que ser uma COP referencial. Faz dez anos do Acordo de Paris, que nos trouxe aqui. A partir de agora, [esta COP deve decidir] como é que vamos caminhar nessa agenda de alinhar as NDCs do mundo inteiro ao não ultrapassar 1,5oC de [aumento de] temperatura”, disse. A CNN Brasil repercutiu o recado.

  • Em tempo 2: O Estadão informou que o Ministério da Fazenda está contribuindo para um novo relatório, no âmbito da presidência da COP30, que explorará os caminhos para destravar o financiamento climático internacional no volume de US$ 1,3 trilhão até 2035, conforme definido na COP29 de Baku, no ano passado. Segundo André Corrêa do Lago, o esforço também envolve o Banco Central, comandado por Gabriel Galípolo.

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