Cacique Raoni pedirá a Lula para não explorar petróleo na Amazônia

Líder Kayapó afirma que orientará presidente a não repetir com a foz do Amazonas o erro cometido com a hidrelétrica de Belo Monte.
25 de março de 2025
raoni
Tânia Rego/Agência Brasil

O cacique Raoni Metuktire, líder dos Kayapó, é um símbolo global das lutas pelos direitos indígenas e preservação do meio ambiente. Raoni representou os Povos Indígenas na posse de Lula, subindo a rampa ao lado dele. Agora o cacique receberá o presidente em sua aldeia e deixará claro que explorar petróleo na foz do Amazonas, como defende Lula, a Petrobras e parte da cúpula do governo, é uma péssima ideia, tanto para o clima do planeta, como para o país que vai liderar a COP30 daqui a poucos meses.

“Já fui informado sobre o projeto [do bloco 59, da Petrobras, no litoral do Amapá] e vou ter a oportunidade de sentar com Lula para discutir o assunto. Vou pedir que ele não encoraje o projeto de exploração na Amazônia”, declarou Raoni em entrevista à AFP, reproduzida e repercutida por Folha, Carta Capital, UOL, Poder 360, Rádio Itatiaia e RTP.

Embora sem fazer relação direta com o projeto de exploração de combustíveis fósseis na foz, o cacique mencionou a hidrelétrica de Belo Monte, instalada no rio Xingu, no Pará. Raoni disse que conversou pessoalmente com Lula quando ele assumiu e pediu para que ele não repetisse o erro de implantar a barragem, “que causou forte impacto ambiental no Pará”, ressaltou o líder indígena.

Raoni também destacou que vai conversar com Lula sobre a urgência na demarcação de Terras Indígenas. Apesar da retomada das homologações após anos de abandono nos governos Temer e Bolsonaro, o ritmo está muito aquém do esperado. E a violência contra os Povos Indígenas continua imperando.

O líder Kayapó também falou sobre como as mudanças climáticas, causadas principalmente pela queima de combustíveis fósseis, estão afetando o seu povo. “Há cada vez mais desmatamento, contaminação dos rios, épocas de chuvas que provocam enchentes e matam as plantas que dão alimentos. Todos nós somos cada vez mais afetados pelas mudanças climáticas”, ressaltou.

  • Em tempo 1: Aliados próximos do presidente Lula avaliam que o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, exagerou na pressão sobre o IBAMA pela licença para a Petrobras perfurar um poço de petróleo no bloco FZA-M-59, na foz do Amazonas, informa O Globo. Na semana passada, Silveira afirmou que o presidente do órgão, Rodrigo Agostinho, não tem “coragem” para expressar sua resposta no caso, o que fez com que a Associação Nacional dos Servidores da Carreira de Especialista em Meio Ambiente (ASCEMA Nacional) acusasse o ministro de “constrangimento institucional”. Para pessoas próximas a Lula, com a manifestação, Silveira deixou o chefe do IBAMA em situação delicada, em que uma eventual autorização para a exploração de petróleo terá aparência de capitulação.

  • Em tempo 2: O Brasil tem a chance de liderar a transição energética justa global na COP30. Mas, além da simpatia de Lula e de parte do governo para explorar petróleo e gás na foz do Amazonas, congressistas querem instituir a “Frente Parlamentar do Senado Federal em Defesa da Exploração de Petróleo na Margem Equatorial do Brasil”, destaca o Clima de Política n’((o))eco. Em outra ação do Congresso pró-combustíveis fósseis, a Frente Parlamentar em Apoio ao Petróleo, Gás Natural e Energia (FREPPEGEN), presidida pelo deputado Eduardo Pazuello (PL-RJ), que foi ministro da Saúde no governo Bolsonaro, lançou na 3ª feira (25/3) seu “braço técnico”, relata a agência eixos. O Instituto de Petróleo, Gás e Energia (IPEGEN) terá como objetivo elaborar políticas públicas e fortalecer a agenda do setor de petróleo e gás fóssil no Brasil. Segundo o diretor-executivo do IPEGEN, general Marco Aurélio Vieira, a criação da frente e de um instituto específico tem inspiração na Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA). Ou seja, vem mais negacionismo pesado por aí.

Continue lendo

Assine nossa newsletter

Fique por dentro dos muitos assuntos relacionados às mudanças climáticas

Em foco

Aprenda mais sobre

Justiça climática

Nesta sessão, você saberá mais sobre racismo ambiental, justiça climática e as correlações entre gênero e clima. Compreenderá também como esses temas são transversais a tudo o que é relacionado às mudanças climáticas.
2 Aulas — 1h Total
Iniciar