A Petrobras de que precisamos
Em entrevista para o jornal Valor Econômico, a presidente da Petrobras, Magda Chambriard, afirmou que “não existe futuro para uma empresa de petróleo sem exploração”. Mas existe futuro para a Petrobras se a empresa seguir apostando no petróleo?
É possível ela seguir existindo dentro da transição energética justa? Se é possível, qual seria o seu papel?
É a esse questionamento que o relatório “A Petrobras de que Precisamos” busca responder. Produzido pelas 30 organizações do Grupo de Trabalho em Energia do Observatório do Clima, o documento se une a um outro, “Questões-Chave e Alternativas para a Descarbonização do Portfólio de Investimentos da Petrobras”, para iniciar um debate sobre transição energética justa que o governo brasileiro tenta postergar.
Desde a crise de 2016, a Petrobras vem desinvestindo em áreas como distribuição e biocombustíveis e se concentrando em exploração e produção, e seu plano de negócios 2025-2029 prevê investimentos de US$ 111 bilhões, dos quais apenas US$ 9,1 bilhões vão para energias de baixo carbono.
Segundo o estudo “A Petrobras de que Precisamos”, esse plano vai contra a Estratégia Nacional de Mitigação do Brasil, que integra o Plano Clima e prevê uma neutralização de emissões do país até 2050, e também contra a proposta de NDC do Observatório do Clima para o Brasil, que propõe redução de 80% nas emissões do setor de energia.
O melhor, afirmam ambos os documentos, é iniciar desde já uma real transição energética para a Petrobras, diversificando seu portfólio. Isso necessariamente precisa vir acompanhado de políticas públicas que reduzam a dependência do governo do caixa altamente volátil da renda do petróleo.
Segundo “A Petrobras de que Precisamos”, a transformação da empresa passa pelos seguintes pontos:
- Aumento dos investimentos em pesquisa e desenvolvimento e inovação de biocombustíveis e hidrogênio de baixo carbono;
- Retorno do investimento em distribuição e terminais de recarga para o consumidor final — seja recomprando a BR Distribuidora, seja criando uma nova estrutura;
- Alinhamento do plano de negócios da Petrobras aos objetivos mais ambiciosos do Acordo de Paris, da Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC) do Brasil e da Estratégia Nacional de Mitigação (Plano Clima), como requisito mínimo, idealmente buscando ir além dessas metas;
- Priorização a investimentos nas fontes de baixo carbono, de modo a diversificar o core business da empresa; entre elas, o hidrogênio verde, os biocombustíveis de segunda e terceira geração (segundo Queiroz e Young, a expansão dos biocombustíveis gera mais do que duas vezes mais postos de trabalho e renda do trabalho do que a extração e o refino de petróleo), e o combustível sustentável de aviação (SAF);
- Realocação dos investimentos planejados em novas refinarias para ampliar participação de novos combustíveis na matriz energética, que deverá estar atrelada à redução da demanda interna de derivados de petróleo e gás.
“A Petrobras é uma empresa sem dúvida muito importante para o país, mas que necessita internalizar a crise climática com muito mais vigor do que fez até agora”, afirma Suely Araújo, coordenadora de Políticas Públicas do Observatório do Clima e uma das autoras de “A Petrobras de que Precisamos”.
“Seu plano de negócios pode e deve ser ousado na perspectiva da diversificação de atividades, com destaque para investimentos em energias de baixo carbono e na transição energética. Sem perder a sua relevância para o mercado e para o país, a Petrobras de que precisamos tem de assumir o papel de agente de transformação no setor de energia, pautada pela inovação tecnológica e pela descarbonização e considerando as devidas salvaguardas socioambientais”, prossegue Araújo.
Saiba mais em: https://petrobrasqueprecisamos.eco.br/
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