A onda de calor que aflige a América do Norte nas últimas semanas não teria sido tão potente sem o aquecimento causado pelas emissões antropogênicas de carbono. Um estudo de atribuição feito pelo grupo World Weather Attribution analisou dados meteorológicos e modelos climáticos e chegou à conclusão de que o calor observado no continente norte-americano seria “virtualmente impossível” sem a mudança do clima. “As temperaturas observadas foram tão extremas que estão muito fora da faixa de temperatura historicamente observadas”, explica o grupo.
“Na análise estatística mais realista, o evento é estimado em cerca de 1 em 1.000 anos no clima atual”. No entanto, sem considerar o acúmulo de gases de efeito estufa na atmosfera e o aumento da temperatura média global, esse evento seria pelo menos 150 vezes mais raro. “Olhando para o futuro, em um mundo com 2oC de aquecimento, esse evento teria sido outro grau mais quente. [Nesse sentido] um evento como este ocorreria aproximadamente a cada 5 a 10 anos nesse cenário de aquecimento”. Associated Press, BBC, Bloomberg, Climate Home, NY Times e Reuters destacaram esses dados.
Como destacou o Guardian em editorial, o calor não se limita à América do Norte: na Europa e na Ásia, a situação também é preocupante. Destacamos aqui nos últimos dias episódios de calor intenso no Mediterrâneo, na Escandinávia e na Índia. “Se há algo de positivo a ser extraído [dessa situação], só pode ser que ela intensifique a pressão sobre os formuladores de política para agirem [contra a crise climática]”.
Também no Guardian, o prefeito da vila canadense de Lytton desabafou sobre a destruição causada pelo calor na última semana. O local foi palco da temperatura mais alta já registrada no Canadá e também sofreu com incêndios florestais precipitados pelo calor. “Onde tínhamos edifícios, agora temos simplesmente terra carbonizada. O que não foi derretido, incinerado ou danificado além do reparo foi comprometido a ponto de ser inseguro”.
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ClimaInfo, 9 de julho de 2021.
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