Com popularidade em baixa, presidente intensifica ofensiva para conter alta de combustíveis

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Sergio Lima 25.mai.2022/AFP

O presidente da República sentiu o impacto das pesquisas eleitorais da última semana que mostraram uma queda na sua popularidade e nas intenções de voto para as eleições de outubro. A carestia generalizada na economia brasileira, puxada pela alta dos preços dos combustíveis, é vista como um dos principais obstáculos para o governo reverter a desvantagem na corrida presidencial.

Não que isso signifique que ele esteja atuando para resolver o problema. A coisa é mais simples e simplista: o governo está se desdobrando para que a coisa fique ao menos congelada até a votação de outubro, nem que, para isso, precise quebrar a própria Petrobras e vinagrar o que resta do pacto federativo no Brasil. Para tanto, o Palácio do Planalto atua em duas frentes: dentro da empresa, para mudar a política de preços; e no Congresso Nacional, para reduzir a alíquota do ICMS cobrado pelos estados sobre os combustíveis.

Na Petrobras, a situação é tensa. Como assinalou Mônica Bergamo na Folha, os executivos estão impacientes com o vai-e-vem do governo no comando da empresa. A suspeita é de que, tal como durante a pandemia, o troca-troca de presidentes na Petrobras seja apenas uma “cortina de fumaça” para desviar a falta de iniciativa e de planejamento do governo e livrar a cara do Planalto.

Já no Congresso, o governo ganhou o primeiro round contra os governadores ao aprovar na Câmara uma proposta que limita o ICMS cobrado pelos estados sobre os combustíveis e a eletricidade em 17%. O projeto aprovado pelos deputados prevê um mecanismo de compensação fiscal para os estados que perderem mais de 5% de sua arrecadação com ICMS em virtude da nova lei. O Valor destacou que os governos estaduais estão apostando na derrubada da proposta no Senado e querem uma conversa com o presidente da Casa, Rodrigo Pacheco, nesta 2a feira (30/5). Já o presidente sinalizou que pode vetar a possibilidade de compensação fiscal aos estados, sob a justificativa de que a União não pode arcar com esse custo.

Para explicitar o interesse eleitoreiro do governo no controle do preço da gasolina e do diesel, até mesmo os “liberais” da equipe de Paulo Guedes deram seu OK para a criação de uma “bolsa-caminhoneiro” que pretende subsidiar em R$ 1,5 bilhão ao ano os gastos de combustível. O Estadão repercutiu a decisão e a ideia do governo de replicar a medida para motoristas de táxi e de aplicativos. Além de aliviar a pressão das altas do petróleo sobre os caminhoneiros, o projeto também seria uma forma de o presidente fazer as pazes com o setor e evitar uma repetição do locaute de 2018 na véspera da eleição.

 

ClimaInfo, 30 de maio de 2022.

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