Ativistas temem que Egito aproveite COP27 para esconder abusos contra Direitos Humanos

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Mohamed Abd El Ghany/Reuters

A escolha do Egito como anfitrião da próxima Conferência da ONU sobre o Clima (COP27) segue causando polêmica entre organizações da sociedade civil global. Um grupo de ativistas climáticos e de Direitos Humanos divulgou na semana passada uma carta pública questionando a realização da COP no país e exigindo do governo egípcio a libertação de milhares de prisioneiros políticos.

“Com apenas 100 dias para o início da COP27 em Sharm el-Sheikh, estamos profundamente preocupados que isso [liberdade de expressão e de manifestação] não seja possível devido às ações repressivas do governo egípcio. De fato, parece mais provável neste momento que a conferência seja usada para encobrir os abusos dos Direitos Humanos no país”, diz o manifesto. Entre os signatários, estão a escritora Naomi Klein e o ativista Bill McKibben. O Guardian deu mais informações.

Questionado sobre a possibilidade de manifestações populares durante a COP, o governo egípcio tem sinalizado que essas ações serão permitidas no contexto da Conferência, mas em uma área restrita fora dos espaços oficiais de negociação.

Ativistas climáticos e de Direitos Humanos temem que a falta de clareza das autoridades egípcias sobre essas condições e a repressão imposta pelo atual governo militar do país possam trazer problemas, especialmente de segurança. Recentemente, um assessor climático do presidente dos EUA, Joe Biden, encaminhou à UNFCCC um pedido para retirar a COP27 do Egito por causa das leis anti-LGBTQIAPN+ em vigor atualmente no país.

Por falar na COP27, a Bloomberg destacou a estratégia do Egito para evitar que a Conferência de Sharm el-Sheikh seja um retrocesso nas negociações climáticas. O principal temor é o de que o contexto econômico e geopolítico atual, marcado pela incerteza do mercado energético e pela inflação, possa intensificar as divergências entre os países e evitar que os negociadores avancem em temas caros para a implementação do Acordo de Paris, como o aumento da ambição dos compromissos nacionais de mitigação e a oferta de financiamento para ação climática nos países em desenvolvimento. “Esperamos que a COP27 confirme primeiro o compromisso político [dos países] com as mudanças climáticas e a transição acordada no mais alto nível”, disse o ministro egípcio do exterior, Sameh Shoukry, que assumirá a presidência das negociações a partir de novembro.

 

ClimaInfo, 1º de agosto de 2022.

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