Greve de fome de prisioneiro político divide holofotes com COP27 no Egito

Egito greve de fome ativista
Getty Images

O ativista pró-democracia Alaa Abd El-Fattah intensificou sua  greve de fome na véspera da Conferência do Clima de Sharm El-Sheikh (COP27), no Egito. Sem comer há mais de 210 dias, ele afirmou nesta semana que pretende deixar de beber líquido. A ação visa chamar a atenção da comunidade internacional, especialmente dos líderes políticos que passarão pelo país na próxima semana, para a situação dos prisioneiros políticos egípcios.

Figura proeminente nos protestos populares que resultaram na derrubada da ditadura de Hosni Mubarak em 2011, na chamada “Primavera Árabe”, Alaa passou boa parte da última década preso por se opor ao governo autoritário do atual presidente do país, Abdul Fatah Al-Sisi, no poder desde 2014. Um Só Planeta contou um pouco sobre a história do ativista.

De acordo com o Guardian, a família de Alaa está pressionando o Reino Unido, país do qual ele também é cidadão, para que atue diplomaticamente junto ao governo egípcio por sua liberação. A presença do primeiro-ministro Rishi Sunak na COP27 pode facilitar essa articulação, inclusive como uma forma do político escapar do risco de testemunhar a morte de um cidadão britânico em uma prisão egípcia enquanto participa de um evento diplomático.

“Esta conferência não pode ser usada para ocultar as preocupações com os Direitos Humanos no país [Egito]. Os horríveis maus-tratos contra Alaa e outros prisioneiros nas mãos deste regime opressor não podem ser ignorados, por isso devemos usar essa cúpula e toda a influência diplomática que pudermos para garantir um resultado positivo”, defendeu a parlamentar britânica Caroline Lucas, do Partido Verde, no Guardian.

Em tempo 1: Enquanto isso, os Estados Unidos pretendem enviar a Sharm El-Sheikh sua maior delegação de alto nível da história das COPs, com pelo menos 16 funcionários de alto escalão, incluindo quatro secretários de governo e o próprio presidente Joe Biden. A Bloomberg deu mais informações. 

Em tempo 2: Na agenda da COP27, uma ausência se destaca entre os temas previstos para discussão: a questão dos refugiados climáticos. Por ora, esse ponto atraiu mais atenção da imprensa e da Academia do que da política propriamente dita, a despeito da movimentação de pessoas fugindo de eventos climáticos extremos estar aumentando nos últimos anos. No Estadão, Carolina Martins abordou o problema e destacou o “jogo de peteca” entre países desenvolvidos e em desenvolvimento relacionado à gestão desses deslocamentos, bem como as dificuldades financeiras e políticas para garantir o reassentamento dessas famílias.

 

ClimaInfo, 4 de novembro de 2022.

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