COP27 e a estreia antecipada da diplomacia climática de Lula

4 de novembro de 2022
Lula diplomacia climática
AP - Raimundo Pacco

Ainda faltam quase dois meses para a posse, mas o presidente eleito Lula quer aproveitar a Conferência do Clima de Sharm El-Sheikh (COP27) para agilizar o processo de reconstrução da imagem internacional do Brasil na temática ambiental. 

A passagem de Lula pelo Egito, na primeira viagem internacional desde sua eleição, é apenas um tijolo dessa estratégia; as conversas que ele e outros emissários terão com governantes e lideranças políticas e econômicas completam a “estreia antecipada” do novo governo no plano externo.

((o)) eco, RFI e Um Só Planeta destacaram o foco de Lula na COP27. Mais do que mostrar ao mundo o retorno do Brasil como ator proativo nas negociações climáticas, o esforço busca recuperar o tempo e as oportunidades perdidas nos últimos quatro anos.

Em parte, a sinalização de retomada do Fundo Amazônia pelos doadores Alemanha e Noruega é um reflexo dessa movimentação.

A imagem internacional de Lula também é um ativo importante nesse esforço de retomada do Brasil nas negociações climáticas. A Deutsche Welle mostrou a confiança de John Kerry, enviado especial dos EUA para o clima, com o presidente eleito do Brasil. “Lula está comprometido com o clima. Agora espero que possamos aperfeiçoar esse programa [de combate ao desmatamento] e avançar ainda mais rápido nas reformas necessárias para tentar salvar a Amazônia”, disse Kerry à Deutsche Welle.

No Valor, a ex-ministra Izabella Teixeira defendeu que o presidente eleito e seus representantes na COP se esforcem em conectar a agenda climática com o combate à fome no Brasil e no mundo e às desigualdades sociais e ambientais. “[Precisamos] fazer uma transformação no modo em que produzimos alimentos e unir a agricultura de baixo carbono à segurança alimentar. É associar a luta climática à luta global de combate à fome”. 

“Com a ida do Lula à COP, renasce uma nova negociação em que o Brasil retoma o papel de liderança na discussão climática”, defendeu a deputada federal eleita Sonia Guajajara ao Globo.

“O Brasil vai deixar de ir para a COP para fazer chantagem. O Brasil vai para a COP para fazer história”, prometeu à Folha a também deputada federal eleita Marina Silva, uma das interlocutoras de Lula na COP27. À RFI, Marina reforçou sua confiança nos compromissos ambientais e climáticos de Lula e nas transformações que ele pretende fazer depois do “desgoverno” Bolsonaro nessa área. “Lula não só se comprometeu prontamente como tem tido manifestações altamente corajosas e necessárias de dizer que a política ambiental brasileira é transversal, que a questão climática e o combate ao desmatamento estarão no topo de suas prioridades e que a questão indígena estará igualmente entre elas”.

Em tempo: Outro reflexo positivo da vitória de Lula é a movimentação de investidores para destravar aplicações no país depois de anos distantes por conta do descontrole do desmatamento e da destruição ambiental. A Folha informou que a Nordea Asset Management, uma das maiores gestoras de patrimônio do mundo, retirou os títulos de renda fixa (Bonds) do Brasil de sua lista interna de restrições depois que o presidente eleito prometeu combater o desmate e proteger a Amazônia.

 

ClimaInfo, 4 de novembro de 2022.

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