Plataforma oferece “transparência climática radical” sobre sobre as emissões globais de 20 setores econômicos

transparência climática
Climate Trace

A partir de ontem é possível acompanhar as emissões de praticamente todas as fontes de gases de efeito estufa em praticamente todo o mundo: a Climate Trace lançou seus dados relativos aos últimos quatro anos de cada planta emissora, da geração elétrica e de calor até cada lixão ou aterro sanitário. 

Os dados são fruto da análise de muita fotografia de muito satélite, e combinações de inteligência artificial e aprendizado de máquina. Do cruzamento do local com a atividade, por exemplo, a localização de uma grande siderúrgica, foi possível associar as emissões à produção da planta. E cada novo dado que entra, realimenta o sistema e o torna mais preciso.

A importância do feito não pode ser subestimada. Além de colocar uma lupa em todas as atividades emissoras, os dados permitem melhorar a qualidade dos relatórios do chamado Escopo 3, as emissões associadas à cadeia de valor das empresas.

Uma empresa que compra aço de uma grande siderúrgica, agora pode saber da emissão embutida em cada tonelada do produto. Mais que reportar corretamente, a empresa, agora, tem possibilidade de comprar de um fornecedor menos poluente.

O Guardian apurou na plataforma que os dados mostram emissões de refinarias e centros de processamento de óleo e gás três vezes maiores do que o declarado pelas empresas. Apurou também que a Arábia Saudita aparentemente “esqueceu” de contabilizar as emissões de suas refinarias no inventário nacional. A Bloomberg deu outro exemplo: só as cinco maiores térmicas chinesas emitem, por ano, mais do que a Colômbia. O New York Times também repercutiu o lançamento da plataforma.

No lançamento da plataforma, o secretário-geral da ONU, António Guterres, disse que “a crise climática está diante de nossos olhos – mas também está escondida da vista de todos. Temos enormes lacunas de dados sobre emissões, finanças e de adaptação. E é impossível gerenciar e controlar efetivamente o que não podemos medir.” Guterres elogiou a iniciativa e cumprimentou um dos patrocinadores, o ex-vice presidente Al Gore.

 

ClimaInfo, 10 de novembro de 2022.

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