Discurso de Biden na COP27 repete promessas e não cita perdas e danos

COP27 Biden
REUTERS

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, passou pela COP27 na última 6ª feira (11/11) para uma visita-relâmpago, com direito a um discurso disputado no espaço oficial da Conferência em Sharm el-Sheikh. Em sua fala, o líder norte-americano pediu aos países que aumentem a ambição de seus compromissos de mitigação e defendeu as medidas climáticas tomadas por seu governo em Washington. Por outro lado, Biden sequer citou a principal questão desta COP27 – a compensação por perdas e danos.

“É mais urgente do que nunca dobrar nossos compromissos climáticos. A guerra da Rússia [na Ucrânia] só aumenta a urgência da necessidade de fazer a transição do mundo para abandonar sua dependência de combustíveis fósseis”, destacou Biden. “A ciência é devastadoramente clara. Temos que fazer progressos vitais até o final desta década”.

Biden elencou sucessos recentes de seu governo no Congresso norte-americano, como a aprovação do primeiro pacote de medidas climáticas da história do país. O presidente também destacou iniciativas novas no plano internacional, como o Global Shield no âmbito do G7 e a proposta apresentada por seu enviado especial para o clima, John Kerry, para acelerar a transição energética nos países em desenvolvimento por meio de créditos de carbono associados ao setor de energia.

As declarações de Biden tiveram uma recepção mista em Sharm el-Sheikh. O engajamento contínuo do governo norte-americano segue sendo valorizado, especialmente depois de quatro anos de negacionismo do presidente anterior, Donald Trump. O timing de sua passagem na COP27, dias após o eleitorado norte-americano dar um voto de confiança aos democratas nas eleições de meio-termo, também foi celebrado por alguns.

Por outro lado, a falta de novidades efetivas em termos de compromissos, principalmente na parte financeira, foi uma decepção significativa. Sem sinalização de mais recursos de Washington, dificilmente os países em desenvolvimento conseguirão sair de Sharm el-Sheikh com novas contribuições financeiras dos governos desenvolvidos.

Associated Press, BBC, Bloomberg, Financial Times, Guardian, NY Times, Reuters e Washington Post, entre outros, repercutiram a fala de Biden e a reação de observadores e especialistas.

 

ClimaInfo, 14 de novembro de 2022.

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