Obstáculos em negociações da COP27 colocam em dúvida manutenção da meta de 1,5ºC

COP27 meta um grau e meio
AP Photo/Peter Dejong

Um ano depois de ser “resgatado” em Glasgow, o limite para o aquecimento global de 1,5ºC neste século corre sérios riscos em Sharm el-Sheikh. Com países como China e Índia colocando em dúvida a viabilidade técnica dessa meta, alguns negociadores sugerem a simples exclusão do 1,5ºC dos documentos finais da COP27. Para os países e comunidades mais vulneráveis, isso seria uma decepção amarga demais para engolir.

A meta de 1,5ºC foi um dos sucessos particulares dos países vulneráveis na definição do Acordo de Paris: no texto final aprovado em 2015, os governos se comprometeram a limitar o aquecimento do planeta em até 2ºC, com esforços para contê-lo em 1,5ºC. Na COP26, no ano passado, os países reafirmaram essa meta, prevendo realizar reduções “rápidas, profundas e sustentadas” nas emissões de gases de efeito estufa nesta década. Entretanto, o que se vê até agora na COP27 é um esforço silencioso, mas insistente, para que eventuais citações a esse limite sejam retiradas dos textos de decisão, sob a alegação de que essa meta não seria mais possível de ser atingida.

“Vamos deixar o Egito mantendo o [limite de] 1,5ºC vivo, ou esta será a COP onde perderemos o 1,5.0C”, questionou Alok Sharma, presidente da COP26 e representante do Reino Unido nas negociações da COP27, citado pelo Guardian. “Já estamos em 1,1ºC de aquecimento global, e sei que não preciso lembrar a todos vocês o impacto disso em todo o mundo. Mesmo a 1,5ºC [de aquecimento], ainda teremos resultados devastadores para milhões de pessoas. 1,5ºC precisa ser uma linha vermelha”.

A BBC destacou a cobrança da diplomata senegalesa Madeleine Diouf Sarr, que preside o grupo de Países Menos Desenvolvidos (LDC) nas negociações de Sharm el-Sheikh. “A COP27 deve enviar um forte sinal político e mostrar que o mundo está unido no combate às mudanças climáticas. Isso significa que, nesta COP, a meta de 1,5ºC deve permanecer ao alcance, com fortes compromissos para reduzir pela metade as emissões até 2030”. Associated Press e Reuters também destacaram a situação.

 

ClimaInfo, 16 de novembro de 2022.

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