Declaração do G20 defende 1,5ºC e traz impulso às negociações climáticas

G20 Bali
MAST IRHAM / Pool via REUTERS

A cúpula dos líderes do G20, grupo das 20 maiores economias do mundo, divulgou sua declaração final nesta 4ª feira (16/11) em Bali, na Indonésia. O texto reafirma o compromisso desses países com esforços para limitar o aquecimento global em 1,5ºC neste século em relação aos níveis pré-industriais. A sinalização é importante, já que alguns negociadores na Conferência do Clima de Sharm el-Sheikh (COP27) vinham sugerindo a retirada de citações a esse objetivo, sob a justificativa de que ele não seria mais “tecnicamente viável”.

“Cientes de nosso papel de liderança, reafirmamos nossos compromissos firmes, em busca do objetivo da UNFCCC de enfrentar a mudança climática, fortalecendo a implementação plena e efetiva do Acordo de Paris e sua meta de temperatura”, disse o texto. “Decidimos prosseguir com os esforços para limitar o aumento da temperatura a 1,5ºC. Isso exigirá ações e comprometimento significativos e eficazes de todos os países”. Trechos do comunicado foram divulgados pela Reuters.

AFP e Reuters destacaram o impacto potencial da declaração dos líderes do G20 nas negociações da COP27. A meta de 1,5ºC tinha sido reafirmada pelos países na Conferência de Glasgow (COP26), no ano passado, mas as conversas em Sharm el-Sheikh ensaiavam uma possível desistência, justificada por análises científicas que mostram o aquecimento cada vez mais próximo desse limite. No entanto, para os países vulneráveis à crise climática, essa meta é vista como “ponto de honra”, pois representaria um compromisso de todos os governos com um aquecimento menor, com impactos climáticos menos radicais.

Em tempo: Enquanto isso, alguns dos principais nomes por trás do Acordo de Paris pediram mais atenção nas discussões que antecipam a 2ª parte da Conferência de Biodiversidade (COP15), que acontecerá em dezembro no Canadá. Para eles, os países precisam garantir um novo acordo global para diversidade biológica “que seja tão ambicioso, baseado na ciência e abrangente” quanto o Acordo de Paris.

“Não há caminho para limitar o aquecimento global a 1,5ºC sem ações de proteção e restauração da natureza. Somente tomando medidas urgentes para deter e reverter a perda da natureza nesta década, enquanto continuamos a intensificar os esforços para descarbonizar rapidamente nossas economias, podemos esperar alcançar a promessa do Acordo de Paris”, diz o comunicado, assinado por Christiana Figueres (ex-secretária-executiva da UNFCCC), Laurence Tubiana (ex-negociadora-chefe da França na COP21), Manuel Pulgar-Vidal e Laurent Fabius (respectivamente, ex-presidentes das COPs 20 e 21).  O Guardian deu mais detalhes.

 

ClimaInfo, 17 de novembro de 2022.

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