Países em desenvolvimento pressionam China e Índia por financiamento para perdas e danos

COP27 perdas e danos
UNFCC COP27 Flickr

De longe, um dos principais desafios dos negociadores nas próximas horas será destravar a discussão sobre compensação financeira por perdas e danos decorrentes de eventos climáticos extremos nos países em desenvolvimento. Depois de duas semanas de negociações, o impasse segue intocável: enquanto as nações mais pobres e vulneráveis defendem a criação de algum mecanismo para perdas e danos já nesta COP27, os países desenvolvidos defendem uma resposta mais cautelosa, com uma decisão final apenas daqui a dois anos.

Por ora, os países em desenvolvimento estão unidos em defesa da criação de um fundo ou instrumento financeiro para perdas e danos ainda nesta COP, sob a liderança de G77 e China. Entretanto, como a Bloomberg sinalizou, começam a aparecer cobranças das nações menores e vulneráveis às economias emergentes dentro desse bloco, como China e Índia, para que elas também se comprometam a contribuir com recursos para um eventual fundo de perdas e danos.

A participação de China e Índia, junto com outros países emergentes (como o Brasil), é uma bandeira antiga dos EUA no debate sobre financiamento climático. Para os norte-americanos, essas economias podem contribuir para ajudar os países mais pobres, inclusive na ajuda emergencial em situações de evento climático extremo.

A União Europeia também defende a participação dos chineses como doadores de recursos para perdas e danos. O Climate Home destacou a sinalização feita por Frans Timmermans, chefe de clima da Comissão Europeia, que sugeriu uma disposição do bloco a apoiar a proposta de criação de um fundo para perdas e danos na COP 27, desde que o pool de doadores vá além dos países tidos como desenvolvidos no texto da Convenção da ONU sobre Mudança do Clima (UNFCCC).

“Acho que todos deveriam ser trazidos para o sistema com base em onde estão hoje. A China é uma das maiores economias do planeta, com muita força financeira. Por que eles não deveriam ser corresponsáveis pelo financiamento para perdas e danos?”, questionou.

Em tempo: Qualquer possibilidade do governo Joe Biden aumentar ou até mesmo cumprir as promessas de financiamento climático feitas pelos EUA até agora ficou praticamente inviável a partir do ano que vem. Isso porque a Câmara dos Representantes será controlada pela oposição republicana, o que impõe um obstáculo legislativo considerável para a Casa Branca em Washington. Mesmo com o controle democrata do Senado garantido, e com uma maioria estreita da oposição na Câmara, o que se espera é um cenário de paralisia política no Legislativo. O Climate Home deu mais detalhes.

 

ClimaInfo, 18 de novembro de 2022.

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