Financiamento climático: plano da pequena Barbados para reformar o sistema de Bretton Woods

21 de novembro de 2022
COP27 Iniciative Bridgetown
UNFCC COP27 Flickr

Uma agenda paralela aos mecanismos de adaptação e de perdas e danos avançou nas últimas semanas. A chamada “Iniciativa Bridgetown”, que tem como principal porta-voz a premiê de Barbados, Mia Mottley, visa a reformar componentes de bancos de desenvolvimento multilaterais e do sistema financeiro para ampliar a ajuda a países em desenvolvimento para lidar com as mudanças climáticas. Mottley aproveitou a COP27 para apresentar a agenda a interlocutores e ampliar o apoio, que já conta com o do Fundo Monetário Internacional (FMI), conta o site E3G.

A iniciativa baseia-se no fato de que os US$ 100 bilhões por ano para adaptação, prometidos pelas nações ricas, no âmbito da Convenção do Clima da ONU, são insuficientes para responder às necessidades reais dos países mais vulneráveis – e mesmo esse dispêndio ainda não virou realidade. O pleito foi reforçado, nesta semana, por ativistas na COP, como mostra a Folha, e por um estudo publicado na revista Science, que indica ser necessário entre US$ 248 bilhões e US$ 1,58 trilhão por ano até 2030, reporta O Globo.

Como descreve o site Quartz, a Iniciativa Bridgetown revê antigas ideias, mas que estavam no escaninho até hoje, como adiar o pagamento de dívidas após desastres naturais; criar um fundo privado para mitigação climática; estender o seguro para eventos climáticos; e taxar os lucros das empresas de petróleo e gás. Em sua defesa, Mottley lembra que países do Sul global, ao emprestar dinheiro desses bancos, encaram taxas de 12% a 14%, enquanto a taxa para a maioria dos ricos é de 1% a 4%, diz a Associated Press, em texto reproduzido no Washington Post. “Nós financiamos a Revolução Industrial com sangue, suor e lágrimas. Agora somos duplamente penalizados ao pagar a conta como resultado dos gases estufa da Revolução Industrial?” Como explica o site Foreign Policy, a premiê defende que US$ 650 bilhões por ano deveriam vir diretamente do FMI, na forma de direitos especiais de saque (SDR, na sigla em inglês) – valor destinado à recuperação pós-pandemia.

Vale também ler artigo assinado por Mottley na revista The Economist: “Se continuarmos apontando o dedo em riste país por país, em vez de encontrar formas de agir coletivamente, afundaremos juntos.”

 

ClimaInfo, 21 de novembro de 2022.

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