
Quando as temperaturas oceânicas elevadas fazem os corais expelirem as algas simbióticas que os nutrem e colorem, ecossistemas inteiros ficam brancos e sem vida. O fenômeno resulta das ondas oceânicas de calor e já supera em alcance o último evento global (2014-2017), de acordo com relatório divulgado pela Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos (NOAA) em sua última atualização publicada na 2a feira (21/4).
Vários cientistas, reunidos pela Iniciativa Internacional de Recifes de Coral, alertaram na 4a feira (23) em um comunicado sobre a magnitude do episódio atual. A velocidade e intensidade desses eventos estão aumentando perigosamente, afirmam, com intervalos de recuperação cada vez menores entre eles.
Em 2024, as temperaturas superficiais dos oceanos atingiram níveis recordes, 0,6°C acima da média histórica, resultado da absorção de 90% do calor excessivo gerado pelas mudanças climáticas. “É como assistir a uma neve silenciosa cobrir os recifes”, descreveu a pesquisadora Melanie McField, ao observar o desaparecimento progressivo da vida e cores que caracterizam esses habitats, para a Mongabay.
A situação é particularmente preocupante porque os recifes de coral abrigam aproximadamente 25% de todas as espécies marinhas em algum estágio de seu ciclo de vida. Seu declínio acelerado ameaça não apenas a biodiversidade, mas também a segurança alimentar e econômica de comunidades costeiras em todo o mundo.
Enquanto o mundo se prepara para a próxima rodada de negociações climáticas, os recifes de coral continuam seu silencioso desaparecimento – um termômetro implacável da crise ambiental global. O atual evento de branqueamento, que já dura mais de dois anos sem sinais de arrefecimento, serve como alerta contundente sobre os limites da resistência desses ecossistemas fundamentais para o equilíbrio dos oceanos.
Folha, g1, Guardian, Dalto Earth , CBS , France 24, entre outros, repercutiram o alerta sobre a onda de branqueamento dos corais.