Dia Mundial sem Carro: Brasil ainda engatinha, mas frota de ônibus começa a ser renovada

Dia Mundial Sem Carro

Ontem (22/9) foi o Dia Mundial Sem Carro, uma data pensada para a conscientização sobre os impactos do transporte motorizado individual sobre a qualidade de vida e o meio ambiente nas cidades. Este debate foi revitalizado no ano passado, na esteira das reflexões pós-pandemia sobre o uso dos espaços urbanos pela população e a priorização de modais mais sustentáveis para a mobilidade.

Na Europa e nos EUA, multiplicaram-se iniciativas para impulsionar a reorganização das cidades em favor dos pedestres, do transporte público e das bicicletas. No entanto, essa discussão ainda engatinha por aqui, com tecnologias como o carro elétrico ainda distantes do dia-a-dia das pessoas. Alana Granda fez um panorama doméstico dessa questão na Agência Brasil.

No UOL Ecoa, a ativista Aline Cavalcante refletiu sobre a pertinência dessa discussão no Brasil. “Por que é aceitável prometer carro para todo mundo e dar benefícios fiscais para as montadoras, mas é impensável ter ônibus totalmente gratuitos para a população?”, questionou. “Neste Dia Mundial Sem Carro desejo uma conexão profunda da mobilidade urbana com uma agenda concreta de desenvolvimento humano e sustentável, com um horizonte real de transição justa, onde novos empregos são gerados e os trabalhadores do setor dos ‘fósseis’ possam ser qualificados e absorvidos em atividades mais estratégicas, limpas e promissoras para a soberania nacional”.

O esforço de transição energética começa a ser notado no caso da frota de ônibus na cidade de São Paulo, a maior metrópole do país. Um levantamento do IEMA mostrou que o percentual de ônibus a diesel fabricados antes de 2012 em circulação nas ruas paulistanas caiu de 17% em janeiro para 12% em agosto, queda causada pela troca de veículos antigos por ônibus com tecnologia elétrica. Ainda assim, a diminuição é pequena e mostra o tamanho do desafio de SP para realmente limpar sua frota de ônibus: atualmente, apenas 219 veículos elétricos rodam na cidade, número bem distante da meta de 2,6 mil ônibus elétricos previstos para circular em 2021 nos contratos de transporte público. A Agência Brasil deu mais detalhes.

Já o Estadão destacou as pretensões da montadora chinesa BYD, que enxerga o Brasil como o principal mercado de ônibus elétricos fora da China. A empresa está instalada no país desde 2013, onde já investiu US$ 150 milhões e construiu uma fábrica em Campinas (SP).

Em tempo: Na Folha, Nicola Pamplona elencou os “jabutis” inseridos pelos parlamentares na Medida Provisória 1.063, que libera postos para comprar etanol direto da usina ou gasolina de outras marcas. Tal como aconteceu na MP que abriu caminho para a privatização da Eletrobras, os deputados federais incluíram “deus e o mundo” no texto, como a liberação de fabricação de veículos leves a diesel, a permissão de bombas self-service em postos de serviço, serviços de delivery de combustível e benefícios a setores como a aviação civil.

 

ClimaInfo, 23 de setembro de 2021.

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