Cadê a ambição? Países se omitem e não revisam metas climáticas antes da COP27

28 de setembro de 2022
COP26 metas não cumpridas
Reuters Connect

Na última Conferência do Clima da ONU (COP26), em novembro passado, os países se comprometeram a apresentar uma nova revisão de suas metas nacionais de mitigação, com o objetivo de elevar o grau de ambição coletiva para viabilizar o limite de 1,5ºC para o aquecimento global neste século. O prazo para que essa revisão acontecesse era o dia 23 de setembro de 2022. 

Você sabe quantos países cumpriram com a palavra? Somente 23 dos quase 200 signatários do Acordo de Paris – pouco mais de 10% das Partes.

O Climate Home fez um panorama geral. Por um lado, países como Reino Unido e Austrália conseguiram apresentar novos compromissos climáticos depois da COP26, que representaram alguma melhoria em relação à versão anterior.

Na coluna do meio, o Brasil até apresentou uma nova meta climática depois de Glasgow, mas, na prática, esta é um retrocesso em relação ao que se tinha anteriormente.

Na outra ponta, os três maiores emissores de carbono do planeta – Estados Unidos, União Europeia e China – não trouxeram nada novo à mesa de negociação antes da Conferência de Sharm el-Sheikh (COP27). A Bloomberg também fez uma análise dos (poucos) compromissos novos (aliás, a traduzimos aqui).

Enquanto a arena multilateral segue à míngua, a movimentação diplomática e política nos bastidores segue intensa. Como previmos em maio, o financiamento climático deve ser um dos tópicos mais quentes da COP27, com uma pressão crescente das nações em desenvolvimento por mais recursos dos países ricos para facilitar a ação climática.

A Bloomberg noticiou uma dessas movimentações: como parte do acordo internacional firmado pela África do Sul na última COP, Alemanha e França estão negociando com as autoridades sul-africanas a destinação de cerca de 600 milhões de euros como a 1ª parte dos US$ 8,5 bilhões prometidos ao país para que este deixe de utilizar carvão para geração de energia elétrica.

Ao mesmo tempo, representantes dos governos da Alemanha e do Canadá divulgaram um apelo conjunto para outros países ricos para que estes aumentem o volume de recursos financeiros destinados à ajuda aos países pobres e vulneráveis para a redução de suas emissões e a preparação para a mudança do clima.

A principal bronca está no fato de a meta de US$ 100 bi anuais, prometida há mais de uma década, ainda não ter sido viabilizada pelos governos desenvolvidos. “Queremos discutir e ver o que ainda precisa acontecer. Não é aceitável que essa meta ainda não tenha sido alcançada”, reclamou Jennifer Morgan, enviada especial da Alemanha para o clima.

Ainda sobre financiamento, o Climate Home destacou o pedido da primeira-ministra de Barbados, Mia Mottley, por mais engajamento dos países em torno de uma coalizão de governos que pretende reformar o sistema financeiro internacional para facilitar a destinação de recursos para ação climática.

Batizada de “Agenda Bridgetown”, a proposta prevê uma reformulação do papel e do funcionamento do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional (FMI). As ideias foram apresentadas em NY na semana passada, durante a Climate Week, inclusive para a atual chefe do FMI.

 

ClimaInfo, 29 de setembro de 2022.

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