Cadê a ambição? Países se omitem e não revisam metas climáticas antes da COP27

COP26 metas não cumpridas
Reuters Connect

Na última Conferência do Clima da ONU (COP26), em novembro passado, os países se comprometeram a apresentar uma nova revisão de suas metas nacionais de mitigação, com o objetivo de elevar o grau de ambição coletiva para viabilizar o limite de 1,5ºC para o aquecimento global neste século. O prazo para que essa revisão acontecesse era o dia 23 de setembro de 2022. 

Você sabe quantos países cumpriram com a palavra? Somente 23 dos quase 200 signatários do Acordo de Paris – pouco mais de 10% das Partes.

O Climate Home fez um panorama geral. Por um lado, países como Reino Unido e Austrália conseguiram apresentar novos compromissos climáticos depois da COP26, que representaram alguma melhoria em relação à versão anterior.

Na coluna do meio, o Brasil até apresentou uma nova meta climática depois de Glasgow, mas, na prática, esta é um retrocesso em relação ao que se tinha anteriormente.

Na outra ponta, os três maiores emissores de carbono do planeta – Estados Unidos, União Europeia e China – não trouxeram nada novo à mesa de negociação antes da Conferência de Sharm el-Sheikh (COP27). A Bloomberg também fez uma análise dos (poucos) compromissos novos (aliás, a traduzimos aqui).

Enquanto a arena multilateral segue à míngua, a movimentação diplomática e política nos bastidores segue intensa. Como previmos em maio, o financiamento climático deve ser um dos tópicos mais quentes da COP27, com uma pressão crescente das nações em desenvolvimento por mais recursos dos países ricos para facilitar a ação climática.

A Bloomberg noticiou uma dessas movimentações: como parte do acordo internacional firmado pela África do Sul na última COP, Alemanha e França estão negociando com as autoridades sul-africanas a destinação de cerca de 600 milhões de euros como a 1ª parte dos US$ 8,5 bilhões prometidos ao país para que este deixe de utilizar carvão para geração de energia elétrica.

Ao mesmo tempo, representantes dos governos da Alemanha e do Canadá divulgaram um apelo conjunto para outros países ricos para que estes aumentem o volume de recursos financeiros destinados à ajuda aos países pobres e vulneráveis para a redução de suas emissões e a preparação para a mudança do clima.

A principal bronca está no fato de a meta de US$ 100 bi anuais, prometida há mais de uma década, ainda não ter sido viabilizada pelos governos desenvolvidos. “Queremos discutir e ver o que ainda precisa acontecer. Não é aceitável que essa meta ainda não tenha sido alcançada”, reclamou Jennifer Morgan, enviada especial da Alemanha para o clima.

Ainda sobre financiamento, o Climate Home destacou o pedido da primeira-ministra de Barbados, Mia Mottley, por mais engajamento dos países em torno de uma coalizão de governos que pretende reformar o sistema financeiro internacional para facilitar a destinação de recursos para ação climática.

Batizada de “Agenda Bridgetown”, a proposta prevê uma reformulação do papel e do funcionamento do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional (FMI). As ideias foram apresentadas em NY na semana passada, durante a Climate Week, inclusive para a atual chefe do FMI.

 

ClimaInfo, 29 de setembro de 2022.

Clique aqui para receber em seu e-mail a Newsletter diária completa do ClimaInfo.