COP27: EUA seguem Europa e sugerem discussão sobre perdas e danos

28 de outubro de 2022
Jonh Kerry diplomacia Europa
AP Photo/Patrick Semansky

O enviado especial dos EUA para o clima, John Kerry, reconheceu nesta semana que seu governo está disposto a conversar sobre compensações por perdas e danos decorrentes de eventos climáticos extremos, um tópico prioritário para os países mais pobres e vulneráveis na Conferência do Clima de Sharm El-Sheikh (COP27). 

A sinalização de Kerry acontece poucos dias após a União Europeia também concordar com o debate sobre o tema na COP, o que derruba – ao menos, em tese – a oposição mais estridente que se tinha até hoje para inclusão desse item na agenda de discussões.

“Acreditamos que temos que intensificar [ações] e temos uma responsabilidade. Aceitamos isso”, afirmou Kerry, citado pela Associated Press. Essa é uma mudança em relação à posição do ex-secretário de Estado de poucos meses atrás, quando ele questionou a pertinência de se discutir um dispositivo financeiro separado para compensação por perdas e danos, ressaltando que os custos para ressarcimento poderiam ser grandes demais mesmo para os governos ricos.

A despeito das declarações, no entanto, é improvável que EUA e União Europeia entrem nessa discussão aceitando criar um fundo específico para perdas e danos, como requisitado pelos países mais pobres. 

Na questão financeira, a principal preocupação dos governos desenvolvidos está no cumprimento tardio da meta de US$ 100 bilhões anuais para financiamento climático, prometido para 2020 e adiado para depois de 2023. Outro ponto é a participação dos países emergentes (leia-se China) como doadores, o que não acontece hoje.

Já o governo egípcio quer aproveitar a COP27 para reforçar sua posição de exportador de gás natural, martelando o discurso de que esse combustível pode servir como uma “solução perfeita” para a transição energética. 

De acordo com o Climate Home, o Egito e outros países produtores argumentam que a instabilidade do mercado internacional de energia está pressionando a economia e os cronogramas de adoção de fontes renováveis de energia; nesse sentido, o gás seria um “combustível de transição”, com uma menor intensidade de carbono do que petróleo e carvão mineral.

Esse argumento é antigo, mas acabou ganhando força com a crise energética na Europa neste ano. Tanto que a indústria do gás conseguiu dobrar até mesmo a União Europeia, que deu um “selo verde” para o combustível em sua nomenclatura de investimentos de energia verde, com o potencial de beneficiar as empresas do setor com bilhões de euros. 

Entretanto, é bom esclarecer que, a despeito de emitir menos carbono que outros combustíveis fósseis, o processo de produção e a queima de gás natural libera metano na atmosfera, um potente gás de efeito estufa.

Em tempo: Ainda sobre a COP27, ((o)) eco destacou informações dadas pelo embaixador egípcio Mohamed Ibrahim Nasr à imprensa brasileira nesta semana. De acordo com o diplomata, cerca de 90 líderes de Estado confirmaram presença na abertura da Conferência; o brasileiro Jair Bolsonaro, no entanto, não está entre eles. Ele também justificou o fechamento dos pavilhões nos dois primeiros dias da COP por “questão de logística”, e não por segurança.

 

ClimaInfo, 28 de outubro de 2022.

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