Brasil precisa capacitar profissionais para conseguir preencher as vagas necessárias para o país alcançar 10% de ganhos de eficiência energética prometidos no Acordo de Paris
O projeto “Retomada Verde Inclusiva” do Instituto ClimaInfo, com o apoio do Observatório do Clima e GT Infraestrutura traz opções de curto prazo em investimentos verdes para a recuperação da economia. Debate com especialistas em seminário promovido pelo ClimaInfo trouxe soluções em várias áreas.
Uma verdadeira usina de novos empregos: essa é a nova cara da indústria de eficiência energética no Brasil. Se até agora a redução na conta de luz de empresas e consumidores era considerado o principal benefício, ao lado do impacto positivo sobre as emissões de gases de efeito estufa, novos estudos mostram que a atividade tem um gigantesco potencial de geração de novos postos de trabalho.
A conclusão se baseia na meta assumida voluntariamente pelo Brasil no âmbito do Acordo climático de Paris: alcançar 10% de ganhos de eficiência energética no setor elétrico até 2030. O modelo utilizado encontra a relação de 0,62 TWh de energia economizada para cada bilhão de reais investido, o que indica que será necessário um investimento anual da ordem de R$ 12 bilhões até 2030. Ocorre que 3,4 mil empregos são criados para cada bilhão de reais investidos em eficiência energética. Ou seja: se o Brasil cumprir o que prometeu no Acordo de Paris, gerará 408 mil empregos nos próximos dez anos.
Atualmente a demanda por capacitação em eficiência energética para atender o compromisso climático pode ser estimada em 30 a 60 mil profissionais, correspondendo a 11 mil postos de trabalho (FTE, do inglês Full Time Equivalent, ou empregos integrais anuais). As maiores oportunidades de capacitação estão nas indústrias e edificações, sendo no mínimo 25% com nível superior completo. Mas o impacto da eficiência energética na geração de empregos vai muito além dos empregos efetivamente em projetos de eficiência energética, incluindo 122 mil FTE em empresas de fabricação, transporte e venda de produtos eficientes; 237 mil FTE gerados por efeitos indiretos; e 48 mil por efeitos induzidos.
A abordagem pelo lado do emprego é nova: não houve até o momento um esforço de levantamento dos empregos gerados por investimentos em eficiência energética que partisse da própria realidade brasileira.
O Plano Nacional de Eficiência Energética (PNEf), de 2011, propõe ações diversas que podem ser desenvolvidas para se aumentar a conservação de energia nos setores industrial, de transportes, edificações, iluminação pública, saneamento, educação, entre outros. Porém, o PNEf não se traduziu ainda em novas ações e políticas de eficiência energética.
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ClimaInfo, 3 de setembro 2020.
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