Comunicação da crise climática requer preparo e transversalidade

Nesta aula, a jornalista da Folha de S.Paulo Ana Carolina Amaral discorre sobre a relevância das mudanças climáticas e sobre a sua vasta experiência na cobertura de pautas ambientais. Aponta, ainda, os desafios impostos aos jornalistas para abordar a crise climática de forma transversal e eficiente.

    Destaques da aula

  • A cobertura de pautas ambientais ganhou, nos últimos anos, uma abordagem mais transversal, com espaço em cadernos de Economia, Política, entre outros.
  • O repórter deve estar preparado para fazer as perguntas corretas e estabelecer as conexões necessárias, entregando matérias e reportagens que montem o quebra-cabeças das relações existentes e interconectadas ao tema trabalhado e não apenas reportar dados oficiais.
  • A máxima do jornalismo, que determina a noticiabilidade apenas daquilo que é excepcional, não se aplica à crise climática, pois ela está acontecendo ao longo do tempo, de forma crescente e constante.

Duração

45 min

Professor(a)s

Ana Carolina Amaral é jornalista na Folha de S.Paulo e secretária-executiva da Rede Brasileira de Jornalismo Ambiental. É jornalista formada pela Unesp, com mestrado em Ciências Holísticas pelo Schumacher College. Colaborou para veículos como Envolverde, Superinteressante, Carta Capital, Época e GloboNews. Cobriu conferências internacionais como a Rio+20 e as Conferências do Clima (COPs) da ONU desde a COP21, realizada em 2015 em Paris. Em 2014, Ana Carolina colocou no ar o site “Mulher e Sustentabilidade” e o blog Ambiência, na Folha de S.Paulo.

A cobertura de pautas ambientais no jornalismo ficou, por décadas, restrita às editorias segmentadas. Porém, nos últimos anos, os temas têm ganhado uma abordagem mais transversal, com espaço em cadernos de Economia, Política, entre outros.

Isso se deve a uma maior maturidade da população e dos próprios jornalistas em relação ao assunto, mas também a um cenário de agravamento da crise climática, com eventos extremos que afetam a vida de milhares de pessoas, além de posicionamentos explícitos do atual governo federal (aula ministrada em junho de 2022), de ataques ao meio ambiente.

O fortalecimento do processo de transversalidade da cobertura ambiental dentro das redações passa pelo aprimoramento da capacidade dos jornalistas em estabelecer as conexões necessárias. Para isso, é preciso que o repórter esteja preparado para fazer as perguntas corretas para as suas fontes e entregar matérias que montem o quebra-cabeças, e não apenas somem fatos. O jornalista deve ouvir todos os lados da história, mas não apenas reproduzir o que recebeu. São assuntos polêmicos e complexos, diante dos quais o jornalista precisa ir além do que cada um disse. É primordial desenhar o cenário para não realizar uma entrega sem diagnóstico. 

Outro aspecto fundamental é que se compreenda que a máxima do jornalismo, que determina a noticiabilidade apenas daquilo que é excepcional, não se aplica à crise climática, pois ela está acontecendo ao longo do tempo, de forma crescente e constante. Neste desafio de noticiar algo que é padrão, e não excepcional, a ciência pode ser uma grande aliada do jornalismo, ajudando os profissionais a enxergarem a realidade de uma forma mais plural.

Uma estratégia adicional efetiva na missão de identificar e contextualizar as pautas ambientais é o trabalho em rede. Jornalistas, assessores de imprensa, organizações do terceiro setor e outros atores desse ecossistema da comunicação ambiental precisam estar sempre conectados e trocando informações, para que os panoramas desenhados em cada pauta contemplem todos os aspectos do tema abordado. Um exemplo para essa conexão é a Rede Brasileira de Jornalismo Ambiental (RBJA), que reúne mais de 800 jornalistas que se dedicam à cobertura da pauta ambiental em todo o Brasil.

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