Como catalisar uma economia sustentável com base na bioeconomia

Nesta aula, o engenheiro florestal Carlos Koury explica sobre foi como é possível trazer soluções criativas para os desafios sociais e ambientais que impactam, principalmente, os povos mais vulneráveis da floresta. Apresenta, ainda, a ideia da bioeconomia, uma nova economia de baixo carbono baseada na valorização dos habitantes da floresta e no uso sustentável dos recursos.

    Destaques da aula

  • Modelos de produção da bioeconomia priorizam a manutenção da floresta em pé e a valorização das comunidades originárias e tradicionais da região.
  • Existem exemplos prósperos de pequeno e médio porte, que comprovam a viabilidade de iniciativas da bioeconomia.
  • Para que essas e outras iniciativas ganhem escalas, e para que a Amazônia aumente sua relevância econômica, é preciso fortalecer todos os elos dessas cadeias, resolvendo carências importantes, como a da questão logística.

Duração

33 min

Professor(a)s

Carlos Koury é graduado em Engenharia Florestal pela Universidade de São Paulo (USP) – Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (2003). Atualmente, é diretor-executivo do Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável do Amazonas (Idesam), atuando diretamente com políticas e extensão florestal e gestão de Unidades de Conservação. Atuou em projetos de gestão territorial, diagnósticos socioeconômicos, proposição de leis e normativas voltadas ao ordenamento territorial, à produção extrativista e ao desenvolvimento socioeconômico, além de ter participação em fóruns públicos de caráter socioambiental.

A Amazônia é considerada um controlador climático mundial, com forte influência sobre o equilíbrio planetário. Contudo, se o modelo de exploração da floresta não for rapidamente modificado, ela pode migrar para uma posição oposta, passando a emitir mais gases de efeito estufa do que é capaz de sequestrar. 

A possibilidade desse cenário se tornar real chama a atenção aos olhos do mundo para a floresta. A busca de soluções é urgente. A maior parte dessas emissões está ligada a queimadas, realizadas por ação humana com o objetivo de exploração das terras, principalmente para agropecuária. O melhor caminho para contenção desse movimento é a adoção de modelos de produção da bioeconomia, que priorizam a manutenção da floresta em pé e a valorização das comunidades originárias e tradicionais da região. É isso que defende o engenheiro florestal Carlos Koury.

Nesta aula, ele apresenta algumas das iniciativas do Idesam (Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável da Amazônia), organização não-governamental, sem fins lucrativos que atua em projetos de desenvolvimento sustentável na Amazônia.

A maior floresta tropical do planeta ocupa 55% do território brasileiro, mas gera apenas cerca de 8% do PIB (Produto Interno Bruto) do país. Para que o bioma amazônico deixe de ser alvo de depredação e passe a protagonizar o desenvolvimento de uma nova economia sustentável e inclusiva, é preciso conhecer suas vocações e entender como transformá-las em riquezas.

Existem exemplos prósperos de pequeno e médio porte que comprovam a viabilidade de iniciativas da bioeconomia. Estudos na região de Apuí atestaram a possibilidade de se ampliar de três a cinco vezes a produção pecuária sem desmatar novos espaços – apenas criando mais animais por área, em um modelo de pastoreio rotacional semi-intensivo.

Naquela mesma região, o projeto café com agrofloresta aproveitou os pés de café abandonados e que se misturaram à floresta. Sem desmatar, hoje a produção de café gera um produto com 250% maior valor agregado. Essa iniciativa resulta, ainda, na demanda por mais sementes para manutenção do sistema agroflorestal, o que envolve cerca de 100 famílias na Rede de Sementes de Apuaí.

Em outra unidade de conservação, a RDS (Reserva de Desenvolvimento Sustentável) do Uatumã, a vocação identificada foi a pesca esportiva. O turismo na área é administrado de forma coletiva, e há famílias gerando renda com pousadas, e outras recebendo os pescadores. Todas se tornam aliadas na preservação dos peixes, que são o insumo motriz daquele sistema que gera cerca de R$ 2 milhões ao ano em receita.

Também na RDS Uatumã existe a extração de óleo vegetal de Breu Branco, um insumo que foge daqueles tradicionalmente valorizados, como as castanhas e o açaí. O litro desse óleo é comercializado com valores que variam de R$ 700 a R$ 1,3 mil, gerando ainda mais renda para a comunidade local.

Há ainda conceitos mais disseminados, como o da valorização dos serviços ambientais, quando se paga apenas pela manutenção da floresta em pé. Indústrias de cosméticos e da borracha já têm reúnem exemplos nos quais a empresa paga ao mesmo fornecedor pela compra do insumo e pela conservação ambiental.

Para que essas e outras iniciativas ganhem escalas, e a Amazônia aumente sua relevância econômica, é preciso fortalecer todos os elos dessas cadeias, resolvendo carências importantes, como, por exemplo, as que envolvem a questão logística.

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