- Modelos de produção da bioeconomia priorizam a manutenção da floresta em pé e a valorização das comunidades originárias e tradicionais da região.
- Existem exemplos prósperos de pequeno e médio porte, que comprovam a viabilidade de iniciativas da bioeconomia.
- Para que essas e outras iniciativas ganhem escalas, e para que a Amazônia aumente sua relevância econômica, é preciso fortalecer todos os elos dessas cadeias, resolvendo carências importantes, como a da questão logística.
Destaques da aula
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A Amazônia é considerada um controlador climático mundial, com forte influência sobre o equilíbrio planetário. Contudo, se o modelo de exploração da floresta não for rapidamente modificado, ela pode migrar para uma posição oposta, passando a emitir mais gases de efeito estufa do que é capaz de sequestrar.
A possibilidade desse cenário se tornar real chama a atenção aos olhos do mundo para a floresta. A busca de soluções é urgente. A maior parte dessas emissões está ligada a queimadas, realizadas por ação humana com o objetivo de exploração das terras, principalmente para agropecuária. O melhor caminho para contenção desse movimento é a adoção de modelos de produção da bioeconomia, que priorizam a manutenção da floresta em pé e a valorização das comunidades originárias e tradicionais da região. É isso que defende o engenheiro florestal Carlos Koury.
Nesta aula, ele apresenta algumas das iniciativas do Idesam (Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável da Amazônia), organização não-governamental, sem fins lucrativos que atua em projetos de desenvolvimento sustentável na Amazônia.
A maior floresta tropical do planeta ocupa 55% do território brasileiro, mas gera apenas cerca de 8% do PIB (Produto Interno Bruto) do país. Para que o bioma amazônico deixe de ser alvo de depredação e passe a protagonizar o desenvolvimento de uma nova economia sustentável e inclusiva, é preciso conhecer suas vocações e entender como transformá-las em riquezas.
Existem exemplos prósperos de pequeno e médio porte que comprovam a viabilidade de iniciativas da bioeconomia. Estudos na região de Apuí atestaram a possibilidade de se ampliar de três a cinco vezes a produção pecuária sem desmatar novos espaços – apenas criando mais animais por área, em um modelo de pastoreio rotacional semi-intensivo.
Naquela mesma região, o projeto café com agrofloresta aproveitou os pés de café abandonados e que se misturaram à floresta. Sem desmatar, hoje a produção de café gera um produto com 250% maior valor agregado. Essa iniciativa resulta, ainda, na demanda por mais sementes para manutenção do sistema agroflorestal, o que envolve cerca de 100 famílias na Rede de Sementes de Apuaí.
Em outra unidade de conservação, a RDS (Reserva de Desenvolvimento Sustentável) do Uatumã, a vocação identificada foi a pesca esportiva. O turismo na área é administrado de forma coletiva, e há famílias gerando renda com pousadas, e outras recebendo os pescadores. Todas se tornam aliadas na preservação dos peixes, que são o insumo motriz daquele sistema que gera cerca de R$ 2 milhões ao ano em receita.
Também na RDS Uatumã existe a extração de óleo vegetal de Breu Branco, um insumo que foge daqueles tradicionalmente valorizados, como as castanhas e o açaí. O litro desse óleo é comercializado com valores que variam de R$ 700 a R$ 1,3 mil, gerando ainda mais renda para a comunidade local.
Há ainda conceitos mais disseminados, como o da valorização dos serviços ambientais, quando se paga apenas pela manutenção da floresta em pé. Indústrias de cosméticos e da borracha já têm reúnem exemplos nos quais a empresa paga ao mesmo fornecedor pela compra do insumo e pela conservação ambiental.
Para que essas e outras iniciativas ganhem escalas, e a Amazônia aumente sua relevância econômica, é preciso fortalecer todos os elos dessas cadeias, resolvendo carências importantes, como, por exemplo, as que envolvem a questão logística.